Bom, a ideia do
Blog é dar dicas para a vida...trocar lâmpadas, receitas e tudo mais que já foi
postado mostra um pouquinho disso, mas falar sobre saúde mental, mais
especificamente sobre (i) transtorno do pânico, (ii) transtorno da ansiedade
generalizada e (iii) depressão, condições que atingem muitas pessoas hoje em
dia e que muitas vezes são de difícil diagnóstico, também é algo importante.
Portanto, farei
uma série de 3 (três) posts, falando um pouquinho, de forma leiga, sobre cada
uma dessas condições médicas, para que você possa reconhecê-las em você ou em
alguém próximo e, com isso, procurar ajuda.
Apenas ressalto:
você acha que tem ou que alguém próximo tem alguma dessas condições? PROCURE UM
MÉDICO!!! Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor a recuperação (ah sim,
psicólogos - das mais variadas linhas - também são bastante importantes para
tratar essas condições).
Então, vamos
começar com o transtorno do pânico. Imagine o cenário: X (chamaremos nosso
personagem dessa forma) há algum tempo já vem se sentindo extremamente
estressado(a) com seu trabalho, já vai para o emprego com aquela sensação
horrível de "peso no estômago". Pode ser que X até crie certos
mecanismos para tentar aliviar a chegada ao trabalho (por exemplo: se X
encontrar 3 pessoas com blusa azul, o dia será bom).
Só que chega um
dia, que assim que X pisa no escritório, tem diarréia e vômito, e depois falta
de ar, náusea, palpitação, tremedeira, formigamento no corpo, sensação de quase
morte, suor, choro, adormecimento de algumas partes do corpo, até mesmo uma
ligeira paralisia na face, não consegue falar direito...e vai ao médico.
Como X teve
diarréia e vômito, e muitas pessoas têm apresentado tais sintomas nos últimos
tempos, quem o atende no PS não repara no restante das condições, dá um
ansiolítico para X parar de tremer e conseguir falar, e diagnostica X como
tendo uma infecção intestinal. Dá para X 2 dias de repouso.
Passados esses 2
dias de licença, X volta ao escritório e a mesma história se repete. Novamente,
X é diagnosticado com infecção intestinal e fica mais 2 dias em casa.
Quando é hora de
voltar ao escritório, X, assim que lá pisa, tem exatamente os mesmos sintomas
de antes e, dessa vez, ao invés de ir a um PS "comum", procura a
ajuda de um psiquiatra, já que X percebeu que seu problema não é uma infecção
intestinal e está intrinsecamente ligado ao fato de que os sintomas aparecem
toda vez que chega ao escritório.
Esse psiquiatra
que atende X, explica que o que ele(a) teve foi um ataque de pânico, passa
alguns medicamentos e sugere acompanhamento psicológico, o que é feito por X.
Passada a
história, que muitos podem reconhecer, por já terem passado ou por terem visto
alguém passar, vamos à teoria do que é a síndrome/transtorno do pânico. Mais
uma vez, friso que é a explicação de uma pessoa leiga (sou advogada, não
médica), e que o texto é uma compilação de uma pesquisa feita em sites que
tratam do assunto (links ao final).
O
Transtorno do Pânico atinge cerca de 1 a 2% da população. É freqüente a
ocorrência de prolapso da válvula mitral em pacientes com transtorno de pânico.
Algumas doenças físicas, como hipertireoidismo e feocromocitoma, podem se
manifestar com ataques de pânico. Pacientes com Transtorno do Pânico podem
desenvolver secundariamente quadros depressivos ou mesmo de dependência de
drogas ou álcool, para tentar abrandar o quadro de pânico.
O Transtorno
do Pânico habitualmente se inicia depois dos 20 anos, portanto, em sua
maioria, as pessoas que tem o Transtorno do Pânico são jovens ou
adultos jovens, na faixa etária dos 20 aos 40 anos, e se encontram na plenitude
da vida profissional.
Normalmente são
pessoas extremamente produtivas, costumam assumir grandes responsabilidades e
afazeres, são perfeccionistas, muito exigentes consigo mesmas e não costumam
aceitar bem os erros ou imprevistos.
Os portadores do
Transtorno de Pânico costumam ter tendência a preocupação excessiva
com problemas do cotidianos, têm um bom nível de criatividade, excessiva
necessidade de estar no controle da situação, têm expectativas altas,
pensamento rígido, são competentes e confiáveis. Freqüentemente esses pacientes
têm tendência a subestimar suas necessidades físicas. Psicologicamente eles
costumam reprimir alguns ou todos sentimentos negativos, sendo os mais comuns o
orgulho, a irritação e, principalmente, os conflitos íntimos.
Essa maneira
da pessoa ser acaba por predispor a situações de estresse acentuado e isso
pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regiões do cérebro,
desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico e conseqüentemente o
aparecimento do Transtorno de Pânico.
As causas exatas
do Transtorno de Pânico são desconhecidas, embora a ciência acredite que um
conjunto de fatores possa desencadear o desenvolvimento deste transtorno, como:
·
Genética
·
Estresse
·
Temperamento
forte e suscetível ao estresse
·
Mudanças na
forma como o cérebro funciona e reage a determinadas situações.
Alguns traços
de personalidade de pessoas propensas à Síndrome do Pânico
|
1. - Tendência
a preocupação excessiva
2. -
Necessidade de estar no controle da situação
3. -
Expectativas altas
4. -
Pensamento relativamente rígido (dificuldade em aceitar mudanças de opinião)
5. - Reprimem
sentimentos pessoais negativos (não sabemos o que estão sentindo)
6. - Julgam-se
perfeitamente controladas (duvidam que tenham problemas emocionais)
7. - São
extremamente produtivas (não relaxam, sempre estão fazendo algo)
8. - Assumem
grandes responsabilidades (ocupacionais e familiares)
9. -
Perfeccionistas
10.- Exigentes
consigo mesmas (conseqüentemente, com os outros também)
11.- Não
aceitam bem os erros ou imprevistos
|
Alguns estudos
indicam que a resposta natural do corpo a situações de perigo esteja
diretamente envolvida nas crises de pânico. Apesar disso, ainda não está claro
por que esses ataques acontecem em situações nas quais não há qualquer
evidência de perigo iminente.
Muitas pessoas
que sofrem de Transtorno de Pânico, por serem muito controladas, acreditam que
esse tipo de transtorno não irá acometê-las e, algumas vezes, chegaram a
subestimar pessoas com transtornos psíquicos.
De acordo com o
Dr. Dráuzio Varella, o ataque de pânico começa de repente e apresenta pelo
menos quatro dos seguintes sintomas:
1) medo de
morrer;
2) medo de perder o controle e enlouquecer;
3) despersonalização (impressão de desligamento do
mundo exterior, como se a pessoa estivesse vivendo um sonho) e desrealização
(distorção na visão de mundo e de si mesmo que impede diferenciar a realidade
da fantasia);
4) dor e/ou desconforto no peito que podem ser
confundidos com os sinais do infarto;
5) palpitações e taquicardia;
6) sensação de falta de ar e de sufocamento;
7) asfixia;
8) sudorese;
9) náusea ou desconforto abdominal;
10) tontura ou vertigem;
11) ondas de calor e calafrios;
12) adormecimento e formigamentos;
13) tremores, abalos e estremecimentos.
Com frequência,
portadores da síndrome/transtorno do pânico apresentam quadros de depressão. Em
alguns casos, alguns buscam no alcoolismo uma saída para aliviar as crises de
ansiedade, como dito anteriormente.
Ainda com explicações do Dr. Dráuzio Varella,
seguem suas recomendações para diagnóstico e tratamento do Transtorno de
Pânico:
* Saiba que o diagnóstico do transtorno do pânico
pode ser retardado, porque alguns dos sintomas físicos da doença podem ser
confundidos com os sinais característicos do infarto;
* Procure
distinguir a ansiedade normal do transtorno de ansiedade. A primeira é
essencial para enfrentar os perigos reais que põem a sobrevivência em risco.
Vencido o desafio, o sentimento é de alívio. Já a ansiedade patológica, uma
reação desproporcional ao estímulo que a desencadeia, causa sofrimento, altera
o comportamento e compromete o desempenho até mesmo das atividades rotineiras
das pessoas;
* Não se
automedique nem recorra ao consumo do álcool ou de outras drogas para aliviar
os sintomas do pânico. Agindo assim, em vez de resolver um problema, você
estará criando outros;
* Procure
assistência médica. O transtorno do pânico é uma doença como tantas outras.
Quanto antes for diagnosticada, melhor será a resposta ao tratamento.
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